
Se a minha avó Isaura, que eu adorava, ainda fosse viva, teria hoje 95 anos. Foi a vê-la costurar que eu aprendi a coser à máquina e era também comum vê-la a fazer crochet, quando me levava ao jardim, entretida com rendas e outros lavores semelhantes que as meninas de há cem anos aprendiam na escola. Foi da minha avó que eu herdei esta máquina de costura e também três caixotes com tecidos, lençóis, naperons, rendas e linhas, que me ocupam um espaço precioso em casa, mas que nunca me consegui desfazer.
Ando-me a preparar para a Feira Medieval de Sintra. Em Elvas percebi que o aspecto da barraquinha, bem como o de quem vende, é muito importante para chamar a atenção de quem passa. Com lençóis velhos, estou a fazer umas forras para as bancadas, aos quais vou aplicar umas rendas soltas que tenho lá em casa. Nada de excessos. Fiz também uma saia comprida, franzida na cintura, que aproveitei de um lençol velho normalíssimo (tenho lá uns de linho, que ficariam maravilhosos, mas parte-se-me o coração só de pensar em meter-lhes a tesoura…). Já pedi a uma amiga, que é um ás da costura, para me fazer uma touca, daquelas justinhas à cabeça e que se usavam na idade média, não só para dormir, como também para sair à rua. E depois, com um avental que uso aqui na oficina,uma camisa de mangas compridas e dois ou três acessórios, fica pronto o brilharete!